1. |
Falam falam
01:49
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Dizes que tens facilidade em falar?
Digo-te, isso é falsidade para começar.
Dizes que tens cabeça para rimar?
Digo-te, não tens nada, para acabar.
Dizes que estás embalado e vais começar?
Tu só embalado numa ETAR.
Põe a vida de lado e começa a pensar,
ou acabas empalado, num altar.
Falam, falam e palavras são raízes nesta selva.
Falam, falam e tudo o que tu dizes só sai merda.
Falam, falam não vim de Paris, sou da serra.
Não torças o nariz, sou Deus e só fumo erva.
És tão mentiroso
só queres o conforto,
mentes e metes cordas ao pescoço
metes culpas em toda em gente.
Isto é só um esboço
da tua vida no poço,
fazes que vives mas não te oiço,
faço dos ouvidos a tua mente.
Gostava de ter um dia a sós
com cada pessoa,
dar laços nos nossos nós
e ensinar que a vida é boa.
As nossas relações são atrozes,
anda tudo à toa,
dêem voz ás vozes,
digam tudo na boa.
Falam, falam e palavras são raízes nesta selva.
Falam, falam e tudo o que tu dizes só sai merda.
Falam, falam não vim de Paris, sou da serra.
Não torças o nariz, sou Deus e só fumo erva.
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2. |
Headfcked
02:19
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Na descontra, é só fumar bolota até à ponta.
Mortalha L e cartão, quando não há tabaco
queima-se directo p'ro pulmão.
Não há coração que não aguente tal boa sensação,
uma sensação que voas nem no chão tocas.
Luzes parecem bolhas, com estas nossas mocas.
Kings atrás de kings e a moca não avança,
mas aqui quem é o king?
Sou eu, sim. passa...
A única coisa que me contenta
é saber que sou o tudo e nada,
visão em câmara lenta a noção foi roubada,
vendida de encomenda a qualquer alma coroada.
Uma moca na cabeça,
relaxamento é recompensa,
para quem demais pensa, e ainda pensa
que não usa a cabeça a níveis decentes,
uns em casa a estudar química
outros na quinta a usarem-na,
com o isqueiro não se brinca
p'ó gás n se acabar pá...
Se cannabis é ilegal
mas cresce naturalmente na terra,
será que Deus o fez mal,
será que não devíamos ter erva?
Faz bem a tudo e ainda serve p'ra materiais,
se fosse legalizada os milionários não o eram mais.
Vens pedir-me isqueiro?
Tem cuidado,
sou dos gajos que pais aos filhos avisam
p'ra não serem meus amigos
senão começam a dar na kiza.
Mas ouve, não sou nenhum badboy,
só quero que me deixem estar na paz
enquanto fumo c'o pessoal dum bom hash.
Se vens p'o algarve,
trás uns pulmões emprestados
pois os meus tão todos fumados
destes bob's que vão deixar os teus apagados.
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3. |
Mata-me
03:04
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Deixa que aconteça,
no labirinto mental mais uma peça,
miolos voltam à cabeça com insegurança tensa
e ainda pensam que onde se meteram é uma pensão.
Por isso tentam, fugir mas não sucedem,
fumo é o que pedem quando não conseguem
articular os ideais que seguem.
No meio da rua a gesticular palavras que cegam
os ouvidos de cera, não.
Não oiças disto senão for fim de serão,
quando eu vou deitar-me para ver se acordo,
nunca hei-de usar Sacoor,
e se sou virgem a vida anda a ver se me fode.
Mas é na origem que tudo ocorre,
haviam de haver scores de quem passa fome
talvez assim os nobres ouvissem hardcore.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Vou viver a morte sozinho,
andar ás voltas pelo infinito.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Morto eu já estou, só o corpo é que não voou.
Morre tu também, aprende a ser alguém.
Zumbidos húmidos fazem-se ouvir.
Pensamentos esquizofrénicos estão a sair.
Feelings esotéricos fazem-se sentir.
A descer a escadaria para a morgue
alguém diz: -Mata-me!
Quem diria que ainda havia quem vivesse c'uma avaria
na cabeça que se desvia da sentença do machado
na nuca, achada como maluca, machadada dada dura
parte a cabeça e é a tua...
E com essa bazo à toa, não há pressa desde que não me doa.
Autópsia feita com luvas e lupa para que o morto não dê luta.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Vou viver a morte sozinho,
andar ás voltas pelo infinito.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Morto eu já estou, só o corpo é que não voou.
Morre tu também, aprende a ser alguém.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Vou viver a morte sozinho,
andar ás voltas pelo infinito.
Mata-me, de uma vez,
Mata-me mesmo sem quereres.
Morto eu já estou, só o corpo é que não voou.
Morre tu também, aprende que não és ninguém.
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4. |
Ultima Vaza
02:07
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Não sou de linha nenhuma, vivo na linha do limbo.
Sou de ligar nenhuma ao que me dizem a mim.
Sobriedade nenhuma, o que dizer disto aqui?
Talvez que a idade não muda nada, eu já fui feito assim.
Quis tanto crescer e ser independente que não consegui ver
que passei a juventude à frente de gente adolescente
que me chamava doente, a crerem que era crente
no inexplicável e inexistente.
A beleza cega-vos e a TV seca-vos os cérebros.
Palavras cegas incorporam os vossos egos.
Com portáteis e jogos vossos filhos ficam alegres,
até ao dia em que te voltas e a tua vida tá a leste.
Assim se criam robots nesta sociedade agreste,
onde toda a gente caga no que tu um dia deste.
Há quem conte o que faz e quem faz o que conta
não tem conta no que faz.
Será esse o truque para ser eficaz?
Não dar tanta importância ao que se faz?
Cá eu não me arrependo do que fiz porque de nada serve,
no momento foi o que quis quando a cabeça ferve.
A vida não se escreve a giz, escreve-se com ferros,
não deixes que escrevam a tua, faz o que queres.
Discutir para ti é uma disputa de verdade,
discutir para mim é à procura de verdades.
Não te sintas ofendido, sente antes a realidade,
posso estar todo comido que ainda te 'tou a gozar.
Se não tens frio tira mas é o casaco,
diz que eu tiro para ti, não te sintas apertado.
Tu nem estás vivo 'tás só a flutuar,
põe mas é o cinto que a nave vai deslocar.
Não entres no marketing, nunca vais ser king,
vais ser um mártir para quem te ouvir.
A editora chamou, ya ya, tens de ir,
mas bem podes ficar sentado à espera
porque não vales guito.
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